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Bertoldo Marchioro encerrou sua carreira como principal barbeiro de Rio Branco do Sul aos 82 anos. Não foi como ele queria, teve que deixar a sua barbearia durante a pandemia e como último suplício foi despejado pela prefeitura da área que teve permissão do prefeito Bento Benelli para construir, ele estava ali há 30 anos. Bertordo, assim o chamam, não quis contestar, aceitou com humildade a sentença, aos 82 anos um homem aprende a não brigar contra o poder público, o sistema sempre vence. Seu genro Danilo vai continuar seu legado, vai procurar um outro ponto pelas redondezas. No local do despejo a prefeitura prometeu fazer uma praça.
Muito emocionado pela forma que se aposentou, ele ainda fez a última barba do amigo de tantos anos, Ivo Faria, da mesma forma que barbeou seu pai e seu avô. Sempre caprichoso ainda usa o leite de colônia pós-barba, loção que dá o frescor e cicatriza pequenos cortes, além de perfumar. Nunca cobrou caro, seus clientes sejam ricos ou pobres não se importavam em esperar pelo atendimento. No total foram 67 anos de profissão, ele aprendeu o ofício aos 13 anos com seu irmão, o pastor Carlos Marchioro. Nesse período ele acredita ter atendido todas as famílias de Rio Branco do Sul, mais de 20 mil pessoas atendidas, uma lenda.
A barbearia raiz do Bertordo agora entra para a história e para a memória daqueles que sentaram em sua cadeira marca Ferrante fabricada na década de 30. Um bom homem que ganhou a vida de forma honesta e honrada. Suas mãos habilidosas moldaram barbas e cabelos, deixando marcas em cada rosto que passou por sua cadeira. Sua barbearia era um local de encontros, histórias compartilhadas e amizades construídas ao longo dos anos. Agora, ao encerrar esse capítulo, Bertordo leva consigo a memória de tantos clientes fiéis e a satisfação de uma carreira bem-sucedida. Seu legado permanecerá, e seu sorriso acolhedor será sempre lembrado com carinho por todos que passaram por sua tesoura.
Texto by Ivo Faria.
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