*
*
*Imagem ilustrativa
Há muito tempo, no interior de Rio Branco do Sul, dois compadres viviam próximos. Eles eram amigos desde a infância e se ajudavam em tudo. Um dia, um dos compadres viu que uma de suas vacas tinha sumido. Ele foi procurar e achou a vaca na propriedade do outro compadre, mas com o rabo cortado.
Ele ficou furioso e foi tirar satisfação com o compadre, que negou ter cortado o rabo da vaca. Ele disse que a vaca tinha entrado no seu terreno por conta própria e que ele não sabia o que tinha acontecido. O dono da vaca não acreditou e começou a xingar o compadre, que se calou. Eles se despediram com raiva e cada um voltou para sua casa.
Naquela época, a vida era muito difícil e as pessoas se matavam por qualquer motivo. Os dois compadres ficaram com medo de que um fosse atacar o outro. Eles não se falaram mais e evitaram se encontrar.
Um dia, o que tinha a vaca com o rabo cortado soube que o outro compadre tinha ido para o Açungui a cavalo, resolver uns negócios. Ele decidiu que era a hora de se vingar e pegou sua espingarda. Ele se escondeu no meio do mato, em uma subida, esperando o compadre voltar. Ele até levou um frango assado para comer durante a espera.
Depois de algumas longas horas, ele viu o compadre voltando a cavalo, tranquilo. Ele não hesitou e atirou bem no peito dele, fazendo-o cair do cavalo. Correu para ver se o compadre tinha morrido e viu que ele ainda estava agonizando. O moribundo não acreditou que seu amigo tinha atirado nele e perguntou o por quê. O atirador disse que era por causa da vaca e que ele tinha cortado o rabo dela. Ele disse que não tinha sido ele e que não queria mal ao compadre. Ele agonizou e morreu.
Com o passar do tempo, o compadre assassino ficou com remorso e depressão. Ele não cuidava mais de seu sítio e nem das suas vacas. Para sua surpresa, outras vacas apareceram com o rabo cortado na sua propriedade. Ele foi investigar e descobriu que era uma onça que atacava o seu rebanho e arrancava o rabo dos
bovinos. Uma das vacas ficou com as marcas de garra da onça.
Ele percebeu que tinha matado o seu amigo e compadre injustamente. Ficou com aquilo na cabeça e começou a ter alucinações. Em noites de lua cheia, ele via o vulto do seu compadre a cavalo, às vezes de longe, o observando. Ouvia a voz dele pedindo perdão e o chamando para conversar.
Foi lá no local onde tinha matado o seu amigo e colocou uma cruz como forma de pedir perdão pela sua covardia.
Ele ficou louco e um certo dia desapareceu na mata, para nunca mais voltar. Contam que até hoje, o seu vulto anda pelas redondezas, procurando o compadre. Todo mundo que passava pela estrada, via a cruz e contava a história dos compadres, que foi um ato covarde e desnecessário. A cruz ficou durante anos lá e até os ossinhos do frango que o matador comeu estão lá, no meio do mato.
A localidade em que aconteceu esse fato é conhecida até hoje como Santa Cruz.
Essa é mais uma história que o povo conta, será mentira ou será verdade. Tirem suas conclusões!
Like
Dislike
Love
Angry
Sad
Funny
Wow
Comentários 0